segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Atraso na Educação

Brasil e Educação são palavras inseparáveis. Mas, nem só de palavras vivem os homens, nem só de comida se alimenta o povo, nem só com aparelhamentos ou salas de aula tecnologicamente bem projetadas as pessoas ensinam e/ou aprendem, se formam integralmente, se tornam cidadãos capazes de sobreviver, respeitam direitos e deveres, exercem completa cidadania,  se aprimoram e conseguem ser felizes.

É certo, muitas coisas faltam e tantas outras são desperdiçadas. Caindo no lugar comum, a vida continua . Exemplos são colaborações úteis e estimulantes para que possamos pensar sobre nós, sobre os outros e sobre o mundo. Enfim, refletir sobre nossa função como ser cultural, social, histórico é tema indispensável à produção de melhores momentos bem como  à semeadura  de iniciativas e espetáculos, mesmo que aconteçam silenciosos, belos e abençoados, mas que escrevem e contam boas histórias.

O artigo "4 ideias para melhorar a educação neste país"* aquece uma boa pauta de discussão sobre Brasil e Educação. Mas, não existe apenas um número determinado para ser pensado como objeto de investigação e mudança. O que deve prevalecer em todos é um sentimento natural de fome que surge da necessidade de se manter forte e saudável um organismo. Sentir fome é sinal de busca de satisfação, de sustentação e equilíbrio, de ação e realização, de transcendência e de liberdade para considerar tudo o que se imagina impossível e torná-lo possível, viável.

A seguir as quatro idéias propostas pelo artigo, na pauta da Educação de 13/11/2010 (planeta sustentável - abril.com). Embora tenha sido apresentado em 2010, ainda está bastante atual na pauta de questionamentos e discussões.


1. ACABAR COM A BAGUNÇA CURRICULAR Nove entre dez alunos de escolas públicas não cumprem o currículo previsto para o ano letivo em que se encontram. Também é comum que estudantes da mesma série, mas de classes vizinhas, estudem conteúdos diferentes ao longo do ano. Ambas as situações são consequência de duas realidades que imperam no sistema público de ensino: a falta crônica de planejamento e a visão de que a sala de aula é terreno exclusivo do professor, pouco acostumado à supervisão de diretores e pais de alunos. "A sala de aula é uma espécie de caixa-preta, que precisa ser aberta", afirma a secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin. A estruturação do currículo escolar - com a definição do conteúdo que deve ser ensinado em cada série - é uma das medidas fundamentais para melhorar a qualidade de ensino no Brasil. Um estudo da Fundação Lemann, dedicada a testar e desenvolver tecnologias de ensino para a educação pública, mostra que alunos de escolas públicas que adotam sistemas de ensino estruturados (que possuem roteiros detalhados do que deve ser ensinado aula a aula) aprendem mais que os de escolas sem currículo definido.
O currículo estruturado ajuda a aumentar o aproveitamento da aula - o aluno perde menos tempo copiando da lousa - e a corrigir falhas na formação dos professores, a maior parte deles egressa do grupo dos 30% com pior desempenho no ensino médio. "A formação dos educadores precisa ser melhorada, mas esse é um problema que não tem remédio imediato e precisa ser contornado", afirma Illona Becskeházy, diretora da Fundação Lemann. Nesse sentido, os sistemas de ensino ajudam com cadernos que orientam o educador no preparo das aulas. A obrigação de seguir o roteiro também impede que o professor pule lições e faz com que ele se esforce para aprender os conteúdos que não domina. No final das contas, a estruturação do currículo aumenta o controle do trabalho do professor, tanto pelo diretor e por outros professores quanto pelos pais. "Quando todo mundo sabe o que deve ser ensinado e o que deve ser aprendido, fica mais fácil supervisionar, medir e corrigir a rota", diz Cláudia Costin.


2. DIAGNOSTICAR, PLANEJAR, MEDIR Há dois consensos entre especialistas em educação. Primeiro: o Brasil investe pouco em educação. Segundo: não adianta colocar mais dinheiro nas redes de ensino sem que elas passem por uma mudança profunda de gestão. "Investir mais sem mudar a maneira de administrar é quase o mesmo que jogar dinheiro no lixo", afirma Cláudio Ferraz, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O estado de Minas Gerais foi o primeiro a adotar o planejamento estratégico com sistemas de avaliação de desempenho de alunos e de metas de melhoria do ensino. Em 2006, um teste constatou que 31% das crianças mineiras com 8 anos tinham baixíssima proficiência em leitura. De lá para cá, o processo de alfabetização da rede pública foi reformulado e a taxa caiu para 12%. "Só com bons diagnósticos e clareza de aonde se quer chegar é que conseguimos definir as ações cotidianas. São esses passos curtos que nos levam às transformações de longo prazo", afirma Vanessa Guimarães, secretária de Educação de Minas Gerais.
Em Pernambuco, chama a atenção a prestação mensal de contas exigida pelo governador Eduar¬do Campos. Por trás da reunião há um detalhado sistema de informações que parte da sala de aula. São indicadores que vão do número de faltas de professores e alunos ao percentual de classes que estão em dia com o currículo por série (que foi unificado em 2007). A apresentação feita pelo secretário de Educação ao governador inclui até a exibição de fotos que mostram as reformas em escolas. O levantamento da situação é realizado por 1 500 técnicos de gestão, treinados para coletar as informações e alimentar um banco de dados. Parte dos dados é extraída diariamente do livro do professor, elaborado para que eles preencham exatamente o que a secretaria quer monitorar. "A boa gestão depende do acompanhamento sistemático de informações de qualidade", diz Nilton Mota, secretário de Educação de Pernambuco.


3. PAGAR MAIS AOS MELHORES Na última década, pesquisadores começaram a quantificar a importância individual dos professores no processo de aprendizado dos estudantes. Uma das conclusões é que alunos de professores ruins terminam o ano sabendo metade ou menos do conteúdo que deveriam dominar. "Professor bom é aquele que faz a classe aprender muito. Professor ruim é aquele que faz a classe aprender pouco", diz o economista Eric Hanushek. Segundo ele, premiar os melhores é um caminho obrigatório para estimular que os bons profissionais permaneçam na sala de aula e os ruins saiam dela, movimento absolutamente necessário para melhorar o ensino de uma escola e de um país. Ainda não são claras as características que distinguem um professor bom de um ruim. O que se sabe é que a eficiência de um educador pouco tem a ver com títulos acadêmicos ou com o tempo de experiência que ele possui. Sabe-se, entretanto, que bons educadores sempre apresentam alto domínio do conteúdo que ensinam - apesar de parecer óbvio, boa parte não conhece a matéria que deveria ensinar aos alunos.
Um bom programa de valorização por mérito deve passar pela avaliação dos alunos e também pelo domínio que o educador tem do conteúdo da disciplina a ser ensinada. Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco e a cidade do Rio de Janeiro implantaram sistemas de bonificação para professores e funcionários de escolas cujos alunos atingem as metas de aprendizagem definidas por suas secretarias de Educação. Em São Paulo, o governo estadual criou também um plano de carreira que permite ao professor aumentar o salário em 25% por ano caso faça uma prova baseada no conteúdo da disciplina que ensina. Para conseguir o aumento, o professor tem de ficar entre os 20% mais bem colocados no estado. Ao longo da carreira, ele pode dobrar a remuneração máxima que atingiria antes da criação do programa.

4. TRANSFORMAR O DIRETOR EM GESTOR ESCOLAR Nas escolas públicas brasileiras, é comum que alunos e pais só percebam a presença do diretor do colégio quando o estudante se mete em alguma confusão. No geral, esse profissional fica enfurnado dentro de uma sala, dedica a maior parte do tempo a atividades burocráticas e pouco chama para si a responsabilidade sobre o desempenho de professores e alunos da escola. Para o sucesso de qualquer proposta séria de reforma educacional, esse quadro precisa mudar. Estudos mostram que, depois do professor, o diretor é a figura com maior impacto no processo de aprendizagem. Em Singapura, somente profissionais com alto desempenho na universidade podem se candidatar à carreira de gestor escolar. A entrada na carreira acontece após um curso preparatório de seis meses com foco em administração e liderança, dado pelo Ministério da Educação. No Brasil, geralmente o diretor é formado em pedagogia ou em alguma disciplina de ensino, sem nenhum preparo em gestão.
As primeiras medidas estruturadas para elevar o padrão do gestor escolar são recentes no Brasil. Em Pernambuco, a Secretaria de Educação está iniciando um programa de treinamento com 180 horas de duração. O conteúdo é pautado em planejamento, liderança, monitoramento de indicadores, métodos de avaliação e conhecimento das políticas estaduais e federais relacionadas. O programa prevê a criação de um banco de dados com diretores certificados - tanto o treinamento quanto a certificação serão feitos por entidades externas. A primeira etapa (o curso de 180 horas) será realizada por 9 800 servidores. Somente profissionais que concluírem o curso poderão se candidatar à vaga de gestor escolar - em Pernambuco, os diretores são eleitos por professores, pais e alunos. Os 1 800 com melhor colocação no curso ganharão um MBA de um ano. "Já temos alguns professores com características inatas de gestão. Mas precisamos desses profissionais em todas as escolas, senão não existe plano estratégico que dure", afirma o secretário de Educação de Pernambuco, Nilton Mota.
* Leia o artigo na íntegra.

"Somos nós que fazemos a vida"

VIVER É ESTAR SEMPRE COM ALGUM TIPO DE FOME

* Fonte da tirinha: DAVIS, Jim. GARFIELD EM GRANDE FORMA (Garfield at large).
Coleção Pocket, Garfield vol.1. Porto Alegre, L&PM, 2005:21.

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