segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Hoje é dia de Cecília!



                                               Cecília Meireles


Poeta do Modernismo. Nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901, mesma cidade em que morreu, a 9 de novembro de 1964. Embora vivendo sob influência do Modernismo, apresenta em sua obra heranças do simbolismo, técnicas do classicismo, gongorismo, romantismo, parnasianismo, realismo e surrealismo, razão pela qual sua poesia é considerada atemporal. 



Poeta da alma, poeta da vida, poeta, minha amiga! Seus versos me encantam, sua voz proclama meus sonhos e devaneios, desabafos e acalentos, fragilidades e fortalezas, realidades, leveza, alucinações. Seu olhar, universal em todas as dores, em todas cores, gotas de orvalho e raios de sol. Eternidade mora por aqui e ali, em isto ou aquilo, em borboletas e danças, meninas e tranças, chuva e flores, poemas e músicas,  baladas e cânticos... No espelho. Em toda natureza fluídica, concreta, humana, matéria, espírito. Você é um todo e parte, que fica e vai... Ai, e aí... Um bem, um canto, uma primavera que nunca tem fim.
                                                   Nayla 2010

 
"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

  

Cecília Meireles
(Romanceiro da Inconfidência)


São Francisco de Assis "O Santo Poeta"
Aqui Está minha Vida
Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar  dedicados ao vento.
Aqui está minha voz
- esta concha vazia,
sombra de som curtindo seu próprio lamento 
Aqui está minha dor - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.

Manuel Bandeira, sobre Cecília Meireles e sua poesia.
 "Concha, mas de orelha; Água, mas de lágrima; Ar com sentimento.  Brisa, viração. Da asa de uma abelha."

Noções
Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...
Cecília Meireles 

 Davi Arrigucci Jr., crítico e ensaísta 
"extremamente musical, com metáforas fortemente sensoriais e sua insistência no uso da primeira pessoa, Cecília Meireles parece ter cantado sempre o mesmo tema:"a busca do eterno no transitório, do transcendente no contingente, do milênio no minuto".

     Retrato
 
Eu não tinha esse rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo
eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas
eu não tinha este coração que nem se mostra
eu não dei por esta mudança tão simples, tão certa, tão fácil
em que espelho ficou perdida minha face?


Interdisciplinaridade/Interação
Hora de Criar

Discurso

E aqui estou, cantando.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Cecília Meireles

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