segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A quadra velha

'A quadra velha' é título de uma das crônicas vencedoras da Olimpíada de Língua Portuguesa 2010. Relembrar grandes produções significa fertilizar o novo ano com boas ideias. Importante ilustrar o trabalho realizado em algumas escolas públicas e incentivar outras produções em todas as escolas, principalmente as públicas.  Os talentos, assim, virão à tona, tanto de professores e alunos quanto de toda a equipe gestora, responsável pela formação plena, educacional de todos os participantes na escola.

No Brasil, precisamos de bons exemplos, persistência e muita dedicação, além de inúmeros recursos, é claro, inclusive, a valorização de fato de todos os profissionais envolvidos com educação.

Aluno: Gabriel Batista da Silva
Professora: Maria Inês Resende
Escola: E. M. Crispim Bias Fortes • Cidade: Barbacena – MG

Aqui no lugar onde vivo não tem cinema, lan house, discoteca... aqui tem cavalo, rio, cachoeira, gente que conta histórias... E, acima de tudo, aqui tem uma quadra. Uma quadra velha. Velha e pequena, só tem espaço para seis jogadores de cada lado. Uma quadra velha e pequena onde cabe inteira a nossa imensa alegria.
Ali a bola rola, enrola, rebola, embola, solta, samba, sapateia... Ali vale tocar a bola de chuteira, de chinelo ou de pé no chão. Ali vale jogar menino, menina, velho, magrela e gordão. Vale entrar de sola, de carrinho e até de bicão. Vale arrebentar o joelho, arrancar a ponta do dedão... tem gol contra, bola murcha e bola fora.
O que importa é que quando a bola rola na quadra velha o mundo para. As árvores e as casas espiam. As pessoas que passam pela estrada de terra não resistem, param, assoviam, batem palmas. Os moleques perdem a hora que se perde no tempo. Cada pai vê em seu filho o grande craque e sonha com seu menino na seleção. Quem sabe 2014...
Ali, na quadra velha e pequena, adormece a tristeza, o cansaço, a desilusão... ali os homens se esquecem dos calos, das dívidas, das dores... ali os meninos são magos, são livres, são pássaros: transcendem, voam... Ali não tem zero, não tem senão. Só tem bola no chão. Ali eles são uma bandeira verde e amarela hasteada no sertão.
Isso, até que chega a noite escura e sombria. Ela, revestida de negro, faz arriar o sonho, despe a fantasia, cala a poesia.
Amanhã tem trabalho, tem escola. Dói o calo, o joelho incha, o moleque chora. E a quadra fica de fato velha e pequena. Fica ali, triste, silenciosa, no escuro. Fica ali à espera de que os meninos voltem logo e ressuscitem o momento mágico.
fonte de pesquisa: http://educacao.uol.com.br/

Pintura em baixo esmalte sobre azulejo, com 15 x 15 cm, de Alfredo Volpi "Meninos Jogando Futebol". O autor, considerado um dos maiores pintores da segunda geração do modernismo, nasceu na Itália em 1896, mas mudou-se para São Paulo com um ano de idade. 

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