quarta-feira, 14 de março de 2012

Poesia tem seu dia

 
 
A poesia ganhou um dia específico, 14 de março. Foi criado em homenagem ao poeta brasileiro Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), que nasceu nessa data.
 
O grande escritor baiano, Castro Alves, foi poeta do Romantismo,  escreveu  belíssimas obras, como Os escravos e Espumas flutuantes. Sua arte  revela o amor e  luta por liberdade e justiça.
    O poema “Navio Negreiro” é uma obra-prima com a marca do poeta, trazendo a escravidão como principal tema. Abaixo, a última parte do poema.
    VI
    “Existe um povo que a bandeira empresta
    P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
    E deixa-a transformar-se nessa festa
    Em manto impuro de bacante fria!...
    Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
    Que impudente na gávea tripudia?
    Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
    Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
    Auriverde pendão de minha terra,
    Que a brisa do Brasil beija e balança,
    Estandarte que a luz do sol encerra
    E as promessas divinas da esperança...
    Tu que, da liberdade após a guerra,
    Foste hasteado dos heróis na lança
    Antes te houvessem roto na batalha,
    Que servires a um povo de mortalha!...
    Fatalidade atroz que a mente esmaga!
    Extingue nesta hora o brigue imundo
    O trilho que Colombo abriu nas vagas,
    Como um íris no pélago profundo!
    Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
    Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
    Andrada! arranca esse pendão dos ares!
    Colombo! fecha a porta dos teus mares!”
    Fonte: IBGE teen


Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Fonte:
QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980.

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