Carlos Drummond de Andrade será sempre lembrado por incluir em seus poemas o cotidiano de várias formas: bucólico, político, urbano, utópico, psicológico... Enfim, em sua obra há encontros e desencontros, otimismo e pessimismo, cenários, contextos - palco povoado de lembrança, nostalgia, reflexão sobre o homem e a existência.
VIVER
Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada?
E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?
Isso, ou menos que isso,
uma noção de porta,
o projeto de abri-la
sem haver outro lado?
O projeto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa?
Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança?
(Carlos Drumond de Andrade)
'As Impurezas do Branco'
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